Nissan Skyline, o mais absurdo e apaixonante carro japonês já produzido

Nissan Skyline, o mais absurdo e apaixonante carro japonês já produzido

março 17, 2015 Off Por Fernando Naccari

Quando falamos no Skyline, já pensamos no incrível sedan da Nissan que ficou marcado para a grande maioria das pessoas pela sequência de filmes de “Velozes e Furiosos”. Mas, a história dele começou muito antes até mesmo da Nissan.
Em 1955 a Prince Motor Company – empresa fundada três anos antes pela Trama Electric Car Company, que produzia modelos elétricos – apresentou o ALSI-1, utilizando um motor de 1.5 litro de 60cv fabricado pela Fuji Precision Industries.

Por fim, a produção do veículo iniciou-se em 1957, sendo vendido sob a marca Prince e, mesmo com o motor de baixa cilindrada e potência, apresentava desempenho semelhante aos sedans médios da época, atingindo cerca de 140km/h de velocidade máxima. Além do sedan, havia ainda as opções de carroceria station wagon, pick-up e furgão, chamados de Prince Skyway.

Já no ano de 1958 a Prince fez o primeiro facelift do modelo, onde a principal mudança estava na dianteira, ganhando quatro faróis enquanto o anterior possuía apenas dois. Mecanicamente, o motor manteve a cilindrada, mas teve potência aumentada para 70cv.

No ano de 1961 o Skyline ganhou sua primeira versão esportiva (o que se tornaria tendência nos próximos anos), o Skyline BLRA-3 com carroceria coupé e conversível desenhada por Giovanni Michelotti – um dos grandes mestres do design automotivo de sua época – e com um motor mais respeitável: o 1.9 litro de 94cv de potência. Com poucas milhares de unidades produzidas, é um dos veículos mais raros e colecionáveis no Japão.

Mas, ainda assim, o Skyline não era nem de perto o esportivo que todos conhecemos hoje em dia. No ano de 1964 nasceu o Skyline 2000 GT, voltado a competições automobilísticas e que trazia o compartimento do motor ampliado em 20cm para comportar o seis cilindros em linha de 2.0 litros do modelo Gloria. Todo esse sucesso levou a Prince a produzi-lo em série em duas versões, a GT-A com um carburador e 105cv e a GT-B com três Webers, alta taxa de compressão e 125cv e câmbio de cinco marchas.

Skyline 2000 GT-B
Skyline 2000 GT-A
Skyline 2000 GT

A partir de então, o Skyline já representava muito para a cultura japonesa. Em 1966, após incentivo do governo japonês, a Prince fundiu-se a Nissan e, em 1972 apresentou ao mercado, já como Nissan, os potentes 2000 GT-X (130cv) e GT-R (160cv), de duas e quatro portas.

Skyline GT-R

 

Skyline GT-X

Em 1977 a sigla GT-R foi descontinuada e, nesta geração conhecida como C211 apresentava como versão de topo em 1980 a 2000 GT-ES, dotada de turbo compressor e 140cv, basicamente para atender às normas de emissões de poluentes da época.

Skyline 2000 GT-ES

No ano de 1981 a Nissan inaugurava a série de maior fama do Skyline, a R3X, começando pelo R30 e chegando a atual R35. Nesta primeira geração, o design não era o ponto forte e, em 1982 ganhava as versões 2000 GT e 2800 GT de seis cilindros. Houve ainda o modelo RS que trazia um motor de quatro cilindros de 2.0 litros com 150cv que, no ano seguinte, recebia um turbo para chegar a 190cv (passaria a 250cv após ganhar um resfriador de ar). As versões RS-X ou Turbo C obtiveram sucesso nas pistas e nas ruas.

R30 RS-Turbo Skyline

Com a geração seguinte, a R31, o Skyline parecia deixar de lado suas origens esportivas e voltar-se ao conforto, mas isso não durou muito. Pouco tempo depois o modelo trouxe um incrível seis-em-linha 2.0 turbo de 180cv, que inauguraria a tradição de propulsores utilizada por muitos anos. Em 1986 chegou uma versão coupé e, em 1988 surgia o GTS-X que, com 190cv, trazia ainda o sistema conhecido como HICAS (High Capacity Active Steering, ou direção ativa de alta capacidade), que trazia a novidade de esterçar as rodas traseiras no mesmo sentido da dianteira, contribuindo para a estabilidade do veículo e não para facilitar manobras em locais estreitos, como em outros sistemas utilizados em outras marcas e modelos.

Skyline GTS-X

 

Skyline GTS-X

Em 1989 chegou o Skyline R32 nas carrocerias sedan e coupé, com tração traseira ou integral. Ao antigo seis-cilindros 2.0 litros de 155cv foram adicionados um turbo, elevando a potência para 215cv, no GTS-T Type M, e um 2.5 aspirado de 180cv. A sigla GT-R também voltou após uma década e ganhou o apelido de “Godzilla”, graças a seu desempenho que assustava, assim como o réptil gigante e destruidor tradicional do cinema japonês.

Nissan Skyline GTS-T Type M RCR32

A partir de então o GT-R trazia inovações, como a tração integral com repartição de torque de 100% nas rodas traseiras até 50/50, de acordo com a aderência da pista.

Nissan Skyline GT-R R32 89′

 

Nissan Skyline GT-R R32 89′

O HICAS foi melhorado e ganhou o “Super” antes do nome para designar sua inovação. O motor era de 2.6 litros, dois turbos, e incríveis 280cv que eram limitados, pois a legislação japonesa não liberava mais do que isso. Mesmo assim, o Godzilla fazia de 0 a 96km/h em meros 4,8 segundos, tão rápido quanto a Ferrari F355. O GT-R era tão incrível  que sua versão de corrida venceu tantas vezes  o Grupo A que a categoria foi extinta, pois não havia concorrentes para ele.

A geração seguinte lançada em 1995 era a R33, um pouco maior e mais pesada, era um pouco menos ágil que as anteriores, mas ainda assim apaixonante. As versões GT-S incluíam os motores 2.5 litros de 190 cv aspirado ou 255cv com turbo. Já a GT-R ganhava melhor distribuição de torque, mantendo-se no limite imposto pela legislação nipônica, com 280cv. A divisão NISMO (Nissan Motorsports) logo resolveu este problema e criou uma versão para o Grupo A, oferecendo aos compradores 99 unidades do Skyline 400R, para homologá-lo, em 1996. Como este era uma versão de rua de um carro de corrida, tinha a potência liberada e chegava aos 400cv a 6.800rpm com duas turbinas, 2.8 litros de volume e tração integral.

Nissan Skyline 400R

Construída também para homologação, mas limitada a uma unidade, a GT-R LM vinha apenas com tração traseira e 305cv de potência.

Outro R33 que representou grande importância no mundo automotivo foi o Autech GT-R. Com quatro portas, estilo baseado no 400R e motor de 380cv tinha a missão de comemorar os 40 anos do Skyline.

Mesmo com todos esses marcos, para muitos o R33 era pior que a geração R32, por ser maior e menos arisca. Ouvindo os pedidos dos apaixonados pelo Skyline, a Nissan lançou a geração R34 que trazia motores de 140, 193 e 280cv nas versões GT. Já a GT-R veio um pouco mais tarde, mas para quem conhece do assunto, veio na hora certa! Quando o GT-R R34 foi para Nürburgring, celeiro de grandes carros e termômetro para identificar um verdadeiro esportivo, obteve o recorde sendo superado muito tempo depois apenas pelo Porsche 911 Turbo da série 996.

Em dezembro de 2007 o nome Skyline se aposentou da marca, dando lugar apenas ao que era considerada até então uma versão. O novo GT-R chegou já causando polêmica com um novo recorde de volta em Nürburgring anunciado pela Nissan. Na ocasião, a Porsche informou que comprou um GT-R e o comparou ao 911 Turbo, alegando que o alemão era muito mais rápido que o GT-R.
Prontamente a Nissan emitiu uma nota convidando a Porsche a enviar um de seus pilotos para testar o poderio do GT-R. Pouco tempo depois, agora com volta monitorada e controlada, o GT-R bateu novo recorde da pista, calando os críticos alemães e mostrando o quanto o Godzilla pode surpreendentemente rápido.

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