Motores três cilindros: um caminho sem volta. Ainda bem!

Motores três cilindros: um caminho sem volta. Ainda bem!

outubro 3, 2016 Off Por Fernando Naccari

Desde quando o motor à combustão interna foi inventado, no final do século 19 por Gottlieb Daimler (1885), profissionais de todo o mundo buscam alternativas para deixá-lo mais eficiente, menos viciados em combustíveis fósseis e com manutenção mais simples.

Com o passar dos anos, isso foi meio que na contramão da lógica, com motores cada vez maiores e incríveis  com consumo alto, além de beberem somente gasolina. O investimento das grandes indústrias em combustíveis renováveis foi intenso e surgiram os primeiros veículos movidos a etanol em nosso país, mas junto a eles, ainda haviam motores grandes e de manutenção complicada, como a linha Fivetech da Fiat que, de maneira geral, não engrenou.

Downsizing

Com certeza esta é uma das palavras que você mais ouviu nos últimos tempos. Mas, afinal, o que significa? Esta é uma expressão em inglês, que em tradução livre, significa algo como “diminuição de tamanho”. E é isso, afinal, o que a nova série de motores tricilíndricos vem propôr. Estes motores, na verdade, não são uma grande novidade, já que nos anos 90, modelos como Renault Twingo e Subaru Vivio já traziam estes pequenos propulsores.

3 X 4

Afinal, o que é melhor, um motor de três ou de quatro cilindros? Bom, vamos à alguns detalhes técnicos…

Um motor de três cilindros possui, em cada câmara de combustão, um volume que varia entre 300 cm³ e 400 cm³, o que corresponderia num motor de quatro cilindros, um propulsor entre 1200 cm³ e 1600 cm³. Esta métrica proporciona aos motores tricilíndricos um bom rendimento volumétrico, além da redução significativa do peso devido a novos materiais empregados, a ausência de um pistão, biela, anéis, válvulas, comando de válvulas e virabrequim mais curtos.

Bom, peso menor, menos atrito e calor desperdiçados associado à veículos mais leves, são a fórmula ideal que as montadoras buscam à todo momento para atingir os tão sonhados números de eficiência. Esta redução do peso também gera diversos benefícios ao conjunto, como menor desgaste de componentes, como motores de partida e coxins, suspensão dianteira com menos esforço e maior espaço para trabalho no cofre do motor.

Para se ter uma ideia do quanto um motor de três cilindros é mais leve que um de quatro cilindros, o novo motor EA211 da Volkswagen é quase 25 kg mais leve que o EA111. Além disso, a antiga versão da Volkswagen, o EA111 VHT 1.0 8V Flex, possuía 72/76 cv (G/E) de potência, já o EA211 praticamente a mesma potência (75 cv). Isso significa que, reduziu-se um cilindro, 25 kg, e a potência foi mantida.

Principais Diferenciais

Baseados nestas informações, entendemos que, quanto menor o atrito e o peso, melhor rendimento teria o motor, certo? Bom, em partes. Pense que, em um motor de cilindrada maior, como um 1,6 litro, por exemplo, os cilindros precisariam ter um volume superior à 530 cm³. Para que isso fosse possível, seria necessário pistões maiores, curso do cilindro maior, válvulas maiores e um virabrequim mais robusto. Isso tornaria o conjunto mais pesado e com maior atrito e, consequentemente, faria com que o motor precisasse fazer um maior esforço para funcionar, portanto, nem sempre menos é mais.

Vibrações:

Antigamente, a principal reclamação para os motores de três cilindros se dava quanto ao excesso de vibrações causadas por estes motores, tornando o convívio com o veículo bastante incomodo, principalmente me marcha-lenta. Esta diferença com relação aos motores de quatro cilindros ocorria devido a diferença das distribuições de massas e forças no conjunto, não sendo estas homogêneas em reação ao eixo. Com os cilindros em pares, dois pistões encontravam-se sempre parelhos, com movimentos sincronizados em relação ao virabrequim, produzindo forças tangenciais e cíclicas relativamente harmoniosas.

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Motor 1.0 de três cilindros que equipa o Ford Ka

Nos motores de três cilíndricos, esta harmonia não existe, pois seu balanceamento é mais trabalhoso. Neste, há um ciclo de quatro tempos em três pistões, geralmente posicionados em ângulo entre eles. Uma das alternativas normalmente adotadas é a utilização de um segundo eixo com contrapesos, também conhecido como árvore de equilíbrio, para trabalhar em conjunto e atenuar estas vibrações. Outra alternativa é a adoção de coxins de fixação hidráulicos, que filtram melhor estas vibrações, ao passo que são mais duráveis quando comparados aos de borracha rígida. Ainda com todas estas ações, algumas vibrações ainda podem ser sentidas em altas rotações, mas isto é inevitável.

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Motor que equipa o Nissan March: 1.0 12V com 77 cv de potência

Controle de temperatura e de injeção aprimorados:

Costumeiramente, estes veículos trazem duplo comando de válvulas variável, exceção feita ao FIREFLY da Fiat que é SOHC, sistema de injeção direta de combustível e duplo circuito de arrefecimento – utilizando duas válvulas termostáticas e controlando a temperatura do bloco e do cabeçote, individualmente.

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Novo Uno 2017 Attractive: Novo motor FIREFLY – comando simples no cabeçote

Em alguns casos, os motores 1.0 de três cilindros adotaram o turbocompressor como solução para melhoria na eficiência, tornando-o mais potentes e econômicos. É o caso das versões turbo do Hyundai HB20 e do Volkswagen up!.

Veredicto

Com todas estas informações, você ainda acha que os motores pequenos são um retrocesso a quem ama veículos? Muito pelo contrário. Os motores de quatro, cinco, seis e oito cilindros não deixarão de existir, pelo menos não à curto prazo, mas com certeza veremos pequenos propulsores equipando cada vez mais veículos do nosso convívio e trazendo diversão e economia para muitos apaixonados por carros. Ou você quer me dizer que não tem vontade de acelerar um up! TSI?

Fotos: Divulgação

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