Esqueça a sigla um pouquinho: Golf 1.0 TSi, entre os veículos novos, é uma boa compra?
setembro 23, 2016Não é de surpresa para ninguém que a relação entre poder de compra de veículos está cada vez mais difícil para o brasileiro. Enquanto o salário mínimo está em R$ 880 e a média salarial não passa de R$ 1.500, o modelo mais barato do nosso mercado custa R$ 29.540 (Fiat Palio Fire), ou seja, 33,56 vezes maior que o salário mínimo e 19,69 vezes maior que a média salarial. Assim, hoje quem tem condições de comprar um veículo, mesmo que seja um “usadinho” que nos atenda nas rotinas do dia-a-dia, já pode se dar por vencedor.
Dessa forma, para os que possuem uma condição de vida um pouco melhor, ou para aqueles que passam uma boa parte da vida juntando dinheiro para comprar um carro 0 km, as opções sempre foram e sempre serão fartas e podemos encontrar veículos de categorias diferentes em uma faixa de preço aproximada.
Tamanho é documento?
Com o passar dos anos, não bastava mais comprar um carro novo com motorização 1.0, pois isso não lhe garantiria mais status, afinal, quem andava de 1.0 era tão comum quanto qualquer outro… ou você não pensa assim?
Mas o tempo foi passando, as leis ambientais apertando o cerco, e os grandes e prazerosos beberrões motores foram perdendo espaço. Surgiu o tal do downsizing, mas do que adianta ser pequeno e decepcionar na dirigibilidade?
É aqui que mora o “x” da questão. A tecnologia no desenvolvimento de motores cresceu absurdamente na última década, e hoje temos motores 1.0 com potência elevada e baixíssimo consumo, algo que até hoje muitos não conseguem entender como isso é possível.
O Golf é um grande exemplo disso. Se pegarmos a ficha técnica do 1.8 GTi do ano de 2002 temos os seguintes números:
– Potência: 150 cv a 5.700 rpm;
– Torque: 21,4 kgfm a 1.750 rpm;
– Peso/Potência: 8,55 kg/cv;
– Peso/torque: 59,91 kg/kgfm;
– Consumo: 6,8 km/l na cidade, 9 km/l na estrada.
E agora, os valores do novo Golf 1.0 TSi:
– Potência: 125 cv com etanol, 116 cv com gasolina;
– Torque: 20,4 kgfm com etanol ou gasolina;
– Peso/Potência: 9,78 kg/cv;
– Peso/Torque: 59,95 kg/kgfm;
– Consumo: 8,4 km/l com etanol, 11,9 km/l com gasolina, ambos na cidade. Na estrada com entanol, o consumo é de 10,1 km/l e, com gasolina, 14,3 km/l.
*Os valores de consumo podem variar de acordo com as condições de tráfego, uso e manutenção do veículo.
Perceberam o quanto este 1.0 é esperto? Apesar dos 25 cv a menos, praticamente iguala os valores de potência e desempenho do 2.0 de 2002. Não se discute o quanto o GTi marcou o cenário dos esportivos nacionais, mas não podemos negar que, em números de performance, ambos são bastante parecidos. Para não sermos injustos com as rugas do GTi, fizemos o comparativo com outro modelo da mesma faixa etária: o atual Golf 1.6 tem 5 cv a menos, 4,6 kgfm faltando para alcançar o 1.0 e, seu consumo também é maior: cerca de 16% maior na cidade e 21% a mais na estrada. Os números são tão incríveis que o 1.6 é a versão de entrada do Golf, não o 1.0.
Será que vale a pena torcer o nariz para um número estampado na tampa do porta-malas ou ter mais benefícios escondidos debaixo do capô?
Mas e o preço, é justo?
Agora, se colocarmos no papel se o carro vale todos os R$ 74.990 a que ele é vendido, a resposta é simples: nenhum carro vale. Enquanto houver mercado favorável, os preços atingirão patamares ainda maiores.
Se seu sonho é um carro 0 km e quer fugir um pouco dos populares, vá fundo! O carro é ágil, econômico e bonito. Além disso, traz como itens de série trio elétrico, sete airbags, controles de tração e estabilidade, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, regulagens de altura e profundidade para a coluna da direção elétrica, saída de ventilação para o espaço traseiro, quadro de instrumentos com display digital, central multimídia com tela de 6,5 polegadas sensível ao toque e rodas de liga leve de 16″.
Como opcionais, estão na lista ar digital, volante multifuncional, sensores de chuva e crepuscular, retrovisor fotocromático, rodas de 17″, bancos de couro, controlador de velocidade e GPS.
O que eu prefiro? Ser feliz com pouco! Vou de “usadinho” que me leva e traz para onde eu queira, me dá ar de exclusividade num mundo de carros pratas e me tire alguns sorrisos do rosto, afinal, apesar dos pesares, rola gasolina nas minhas veias.