Teste: Honda Civic Si: o diabo vermelho que você queria na garagem
maio 17, 2019Com mecânica turbo e visual matador, nova geração do Civic Si surpreende em muitos aspectos
Texto: Fernando Naccari
Fotos: Edgar Klein
Ele foi apresentado no mercado japonês em 1984 como uma opção “esportiva” que se juntaria às versões em carroceria sedã, hatch e perua. Como diferenciais, além de algumas melhorias no conjunto de suspensão, tinha um motor 1.6 DOHC de 130 cv, cerca de 55 cv a mais que a versão mais potente vendida até então.
Desde então, o Si evoluiu, ganhou seu público cativo e se tornou uma versão fundamental no portfólio da marca japonesa. Assim, em sua nova geração, o cupê de duas portas foi pensado para ser o melhor Si já feito, com visual matador e desempenho absurdo para não deixar nenhum entusiasta pôr defeito.
De cair o queixo
O visual do Honda Civic Si é irreprovável. O modelo que chega importado do mercado canadense tem um detalhe “que é só nosso”: os faróis full LED, herdados da versão Touring.
Completam o visual matador a carroceria cupê de duas portas, rodas de liga leve de 18 polegadas com dez raios e acabamento em dois tons, pneus 235/40, para-choque dianteiro exclusivo com entradas de ar maiores e, na traseira, destaques para o grande aerofólio e para a lanterna com barra de LED horizontal que acompanha toda extensão da tampa do porta-malas. Destaque também para o escapamento poligonal em posição central.
Por dentro, mais detalhes reforçam sua esportividade, como os bancos em formato de concha com costura vermelha, painel TFT com o mesmo tom de iluminação, pedais em alumínio e o friso do painel de instrumentos com acabamento “Dry Metal Carbon”.
Comedor de asfalto
Se você é um daqueles que se preocupa em ver as configurações básicas de um motor, ao saber que o esportivo vem com um quatro-cilindros de 1.5 litros, pode achar que é pouco, mas quando observa sua lista completa, entende que sino-canadense é absurdo: 208 cv de potência máxima com torque de 26,5 kgfm, alcançados a 5.700 rpm e 2.100 rpm, respectivamente. Para atingir estes números, a Honda utilizou um sistema de injeção direta de combustível, turbo de alta performance e cabeçote com duplo comando de válvulas variáveis (Dual VTC). Para comandar tudo isso, a receita perfeita: um câmbio manual de seis marchas com engates curtos e precisos.
Esportividade x conforto
Pela primeira vez em sua história, o Civic Si traz a opção de alterar o modo de condução. Em seu caso, o foco está na esportividade ou no conforto para o uso diário. Para ter um desempenho mais cru e impactante, basta ligar a tecla Sport no console central para ter os parâmetros de suspensão (os amortecedores ficam com maior carga), acelerador (tem respostas mais diretas) e assistência de direção (fica menor) aprimorados.
Já, no modo conforto, os amortecedores operam de forma mais suave, a assistência da direção é aumentada e o acelerador fica um pouco menos voraz.
Os amortecedores adaptativos trabalham em conjunto com molas mais firmes (do que as versões ‘comuns’), barras estabilizadoras mais rígidas e buchas sólidas na dianteira e traseira, além de braços da suspensão multilink ultra rígidos na traseira, herdados da versão ainda mais esportiva Type R.
De acordo com a engenharia da Honda, o objetivo destas mudanças foram tornar o Civic Si um carro mais conectado com o piloto, em que este pudesse aliar tecnologia com uma tocada “das antigas”, na qual fosse possível sentir e controlar todos as respostas do carro em relação à sua aderência na pista, fosse nas arrancadas ou em curvas de alta velocidade, principalmente.
Comodidade
Além de todo o apelo esportivo, o Civic Si é bem completo, com destaque para o sistema multimídia de sete polegadas sensível ao toque, com conectividade Apple CarPlay e Android Auto e sistema de áudio de 450 watts, com 10 alto-falantes. Destacam-se também o teto-solar e o Lane Watch, que reproduz na central multimídia a imagem da lateral direita do veículo, reduzindo-se os pontos cegos. O sistema é acionado sempre que a seta é ligada ou quando é acionado manualmente.
Além disso, o modelo conta com itens de segurança fundamentais, como freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem, o VSA (controle de tração e estabilidade), além do exclusivo Agile Handling Assist, um sistema de vetorização de torque baseado em frenagem.
Veredicto
Dirigir um carro tão impressionante como o Honda Civic Si é uma experiência única. O carro tem respostas rápidas na aceleração, o câmbio tem engates excelentes e se torna ainda melhor quando notamos que o consumo de combustível é ótimo tanto no uso urbano, quanto no rodoviário. Para mim, ele só deixou a desejar em dois pontos: ter um ajuste um pouco mais macio no uso urbano, já que ele tem um conjunto ainda bastante rígido no modo conforto e, claro, faltou um ronco de motor um pouco mais encorpado. Por ser o esportivo que é, é silencioso demais. Ah, mais um defeito: não estar na minha garagem!
Galeria
Ficha técnica
- Motor: 4 cilindros em linha 1.5 16V, duplo comando de válvulas continuamente variável, turbo, injeção direta
- Combustível: gasolina
- Potência: 208 cv a 5.700 rpm
- Torque: 26,5 kgfm de 2.100 rpm a 5.000 rpm
- Câmbio: manual de seis marchas
- Direção: eletroassistida
- Suspensões: McPherson (dianteira) e multi-link (traseira)
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Dimensões: 4,522 m (comprimento), 1,799 m (largura), 1,421 m (altura)
- Entre-eixos: 2,700 m
- Pneus: 235/40 R18
- Consumo cidade: 11,6 km/l (Nosso teste)
- Consumo estrada: 14,2 km/l (Nosso teste)