Teste: Renault Duster Oroch Dynamique 1.6 SCe

Teste: Renault Duster Oroch Dynamique 1.6 SCe

julho 2, 2019 Off Por Fernando Naccari

Ela chegou representando uma nova categoria de picapes no mercado brasileiro, preenchendo uma enorme lacuna existente entre as picapes pequenas (VW Saveiro, Fiat Strada e Ford Courier, por exemplo) e as chamadas “médias” (GM S10, Toyota Hilux, Ford Ranger, por exemplo).

As “novas médias”, no entanto, ganharam um caminho diferente, bem parecido com o ocupado pelas SUVs, ou seja, um carro alto, grande, mas sem grande apelo fora de estrada, com exceção feita às versões topo de linha.

Mas mesmo menos tecnológica que a rival, a picape Oroch tem qualidades que merecem destaque, a começar pelo design. A Oroch tem visual encorpado, para-lamas alargado em relação a carroceria, conjunto óptico diferenciado em relação à versão SUV (com faróis de milha e neblina instalados nos para-choques), traseira alta e, claro, preço inferior.

A picape Duster Oroch, exatamente nas configurações que o veículo avaliado está custa R$ 82.330. Enquanto isso, a Fiat Toro, em sua versão de entrada, a Endurance, custa praticamente R$ 10 mil a mais – R$ 92.990,00. Neste caso, não há o que pensar: aposte na picape da Renault.

Mecânica dá conta do recado

Avaliamos a Renault Duster Oroch na versão Dynamique e que sai de fábrica com o novo motor 1.6 SCe e câmbio manual de cinco marchas. Em relação ao propulsor anterior de mesma cilindrada, ele vem com novo bloco, cabeçote, cárter e pré-cárter, todos em alumínio, fato que reduz o peso do conjunto em cerca de 30 kg.

Mas estas não são as únicas novidades do modelo: o cabeçote 16V possui duplo comando, com variação apenas na admissão, admissão de corrente de comando, novos injetores de combustível, pistões e anéis revestido com material que reduz o atrito, coletor de escape integrado ao cabeçote e o sistema que a Renault nomeou como ESM (Energy Smart Management) – que nada mais é do que um alternador que consegue recuperar a energia cinética do motor e a envia para a bateria quando o acelerador não está pressionado. É uma forma inteligente de cumprir a função sem gerar carga mecânica no conjunto, reduzindo, portanto, o desgaste das peças bem como o consumo de combustível.

Com todas estas mudanças, o novo propulsor gera 120 cv de potência máxima e tem torque máximo de 16,2 kgfm, ambas métricas com etanol no tanque, cerca de 10 cv e 1,1 kgmf a mais que o antigo propulsor 1.6.

Na prática, o novo conjunto com câmbio manual de cinco marchas faz bem à picape, que anda bem na cidade, sempre com agilidade e força o suficiente para não te deixar em apuros. Quando falamos em consumo, os números também são bons: 9,2 km/l com etanol em trecho combinado 60% cidade, 40% estrada, ambas as medições com ar-condicionado ligado no talo.

Visual

Neste ponto, a Renault pecou. A picape permanece exatamente como era em seu lançamento. Mas isso deve mudar entre o fim deste semestre e o início do próximo, quando o SUV Duster deve passar por uma repaginada.

Por dentro tudo também continua igual: uma predominância de plásticos duros, mas que na unidade avaliada, apresentavam bom encaixe e não haviam rebarbas aparentes.

Conforto e ergonomia

A posição de dirigir elevada é bem vinda no trânsito urbano, mas pode incomodar ao muitos altos ou baixos, já que o modelo não possuir regulagem de altura do assento ou da coluna de direção.

Mas em outro ponto a picape se revela melhor que a versão SUV: o espaço interno. Graças aos 15,5 cm a mais no entre-eixos da picape, que viaja dentro da Oroch vai confortável, bem confortável.

A suspensão também colabora para o conforto de rodagem, com sistema independente nas quatro rodas (dianteira McPherson, traseira Multibraços). As rodas de 16″ calçam pneus Michelin LTX Force 215/65 para uso misto e, apesar das características da banda de rodagem, são bastante macios e silenciosos.

A caçamba também é espaçosa: 683 litros e a picape tem capacidade de carga de 650 kg, o mesmo informado pela Fiat para a sua picape.

Itens de série

A versão Dynamique, apesar do aspecto simples, é bem equipada, com destaque para o eficiente ar-condicionado analógico, direção eletro-hidráulica, sensor de estacionamento traseiro, Media NAV com GPS (para mim, o melhor entre aqueles que não possuem Apple CarPlay ou Android Auto), piloto automático, santantonio, barras longitudinais no teto e protetor de caçamba, tudo de série.

O que poderia melhorar

Bom, são alguns aspectos relevantes. Para saber quais, assista ao vídeo no começo da matéria 🙂

Veredicto

Ela é a melhor opção para quem quer um carro alto, confortável e com boa dirigibilidade. O acabamento interno deixa à desejar, primando pelo excesso de plásticos duros, mas mesmo assim não é de todo ruim. Ela é melhor que as opções mais menores, e tem custo-benefício melhor que a rival Toro.

Galeria

Ficha Técnica – Renault Duster Oroch Dynamique 1.6 SCe MT

  • Motor: 4 cilindros, 16V, duplo comando variável na admissão – 120 cv (E) / 118 cv (G) a 5.500 rpm, 16,2 mkgf a 4.000 rpm
  • Câmbio: manual 5 marchas, tração dianteira
  • Direção: eletro-hidráulica
  • Suspensão: McPherson (dianteira), multilink (traseira)
  • Freios: discos ventilados (dianteira), tambores (traseira)
  • Pneus e rodas: 215/65 R16, liga leve
  • Caçamba, 683 l (650 kg)
  • Tanque de combustível, 50 l
  • Peso, 1.296 kg.