Expedição Naccar: 1860 km com o Jeep Renegade Custom Diesel

Expedição Naccar: 1860 km com o Jeep Renegade Custom Diesel

setembro 19, 2018 Off Por Fernando Naccari

Meu primeiro contato com um Renegade foi pouco após o seu lançamento, quando fiz a avaliação de um modelo flex em tempos de Revista O Mecânico. Na época, a unanimidade pelo design superior à concorrência, como a já conhecida mecânica e.TorQ da Fiat eram seus principais trunfos para o mercado, mas a mesma mecânica simples sempre foi o seu “Calcanhar de Aquiles”.

Na oportunidade, o teste com o modelo de câmbio manual deixava a desejar em ultrapassagens e subidas íngremes, mas tinha consumo de combustível elogiável em ciclo urbano.

Tempos depois, aqui mesmo no Naccar, contactei alguns proprietários do Renegade que toparam compartilhar sua experiência diária com o carro, tanto nas versões flex, quanto nas versões diesel e a opinião também era unânime: comprar um Renegade foi uma “escolha de mudança de vida”.

Nesta avaliação, a valentia da versão Trailhawk à diesel me chamou a atenção, mas o abismo de preço entre a de entrada Sport e a topo de linha tornava quase inviável o cliente do primeiro sonhar com o segundo. Os tempos passaram e a chegada da versão Custom pode ser uma boa medida para quem pretender “subir na vida”.

Viagem ponto a ponto

A proposta era testar o comportamento do Jeep Renegade Custom Diesel em um trajeto previamente estabelecido entre as cidades de São Paulo/SP e Ponte Nova/MG. De cá para lá, passaríamos por vias de boa pavimentação e velocidade média na casa dos 100 km/h, mas também haveria trecho de estrada com mão única, máxima de 60 km/h e serra íngreme. Parecia ser uma ótima pedida para saber se o diesel 4×4, além da vocação para a terra, mandava bem no asfalto.

Saímos de São Paulo na quinta-feira pré-feriado da Independência, carro carregado de malas e com todos os cinco lugares ocupados. A primeira parada, saindo da capital paulista foi em Pindamonhangaba/SP e uma boa primeira impressão: o excesso de vibrações do conjunto mecânico em marcha-lenta não se repetia em estrada.

Essa era a primeira preocupação para uma viagem tão longa: as vibrações. Pelo contrário, o câmbio automático de nove marchas mostrou-se bastante eficiente e mantinha o motor sempre em rotações relativamente baixas, na casa dos 1.500 rpm mesmo a 120 km/h. O consumo também surpreendia: 16,7 km/l.

Bom, até ali, estrada boa, alta velocidade e pé embaixo. A noite vinha chegando e era hora de testar outros recursos, como o sistema de iluminação. Ponto positivo para o Renegade que, mesmo sem ter o conjunto óptico mais moderno em xenônio, o sistema tinha boa amplitude de iluminação nas estradas dali para frente. Outro bom destaque está para o sistema de iluminação automática direcional que, ao dar seta ou esterças o volante para um dos lados, o farol de neblina correspondente ascendia para ajudar a iluminar o canto até então “no escuro”. A segunda parada (de três) foi em Resende/RJ e o consumo continuava excelente: 16,7 km/l.

Dali para frente, a “perna” até a próxima parada foi longa: 285 km até Rio Pomba/MG. Na cidade mineira tomamos esta decisão após constatar que passávamos por trechos de mais de 50 km sem encontrar um posto de combustível (principalmente àquela hora da noite). Após 580 km, faltava percorrer um último trecho de 150 km até o destino final e autonomia era exatamente igual ao percurso, mas com um complicador: praticamente todo o trecho deveria ser cumprido em serra, fato que comprometeria nossa autonomia total. Para evitar surpresas, abastecemos.

Cumprindo o trajeto de ida, ficaram algumas percepções:

  • Os 170 cv e os 35,7 kgfm do motor Multijet II parecem até muito para o Jeep. O câmbio de nove marchas também foi exemplar em todo o trecho, proporcionando marchas precisas de acordo com a necessidade do trecho, fato que propiciou sempre respostas rápidas e consumo baixo;
  • A calibração dos pneus 35 psi, condições normais de uso, deixaram o carro um tanto quanto “pesado”, áspero, e fazia com que o ruído destes com o solo fosse transmitido para a cabine em demasia. Se o medo inicial estava no motor, os pneus 215/65 R16 Bridgestone Dueler H/T foram os primeiros vilões do percurso, embora tenham mostrado ótima aderência.

O dia seguinte foi escolhido para o descanso de todos e voltaríamos à estrada no sábado com uma dúvida em mente: ir para a cidade histórica de Ouro Preto/MG, cerca de 100 km de Ponte Nova/MG ou fazer um percurso um pouco maior para a cidade de Tabuleiro/MG (+/- 160 km) com foco em explorar a vocação off-road do Jeep?

Uma breve consulta à previsão do tempo matou a dúvida: havia chances de chuva em Tabuleiro/MG, então nas primeiras horas da manhã fomos para lá. O céu fechado e a temperatura na casa dos 16ºC mostravam que teríamos um dia bastante cheio (e enlameado), mas São Pedro achou melhor que não fizéssemos loucuras, mudou o tempo e fez o céu abrir para os 34ºC tradicionais no início tarde. Não teve jeito, então fomos dar uma volta na terra.

  • Como podem ver no vídeo, mesmo acelerado, a câmera balança pouco e é exatamente isso que merece destaque. Mesmo em terreno irregular, o trabalho feito pela engenharia da Jeep no conjunto de suspensão dianteiro e traseiro independentes McPherson com molas helicoidas foi muito bom. Praticamente o mesmo conforto e nível de filtração das imperfeições encontrados na estrada asfaltada foi observado na de terra.

Tração 4×4 inteligente

Uma pena não termos conseguido avaliá-lo em condições mais desafiadoras, mas vale a menção ao sistema 4×4 inteligente que mantém o conjunto de tração sob demanda, na qual até 40% da força é transmitida para as rodas de trás, mas desacopla o eixo traseiro quando não é necessária a sua utilização, funcionando como um carro de tração dianteira. Abaixo, no painel de instrumentos há botão giratório do SelecTerrain. É aí que mora o segredo do Renegade ter motor diesel e os concorrentes não: possibilidade de marcha reduzida (20:1), inédito em sua categoria.

Neste botão é possível escolher o bloqueio do diferencial (para dividir a força entre os eixos), controle de velocidade em descida, e ainda quatro modos de gestão da tração (cinco seleções no Trailhawk). O SelecTerrain atua diretamente sobre motor, transmissão, freios e controles eletrônicos para superar os obstáculos da pista.

Quando está no modo padrão é automático e repassa a força para trás quando necessário. No modo Snow (neve) divide a tração em uma proporção que evita saídas de traseira e previne derrapagens sobre terreno de baixíssima aderência, como o gelo, incluindo partida em segunda marcha e ajuste dos freios ABS. Já nos modos Mud (lama) e Sand (areia), os freios também tem alteração na distribuição da frenagem e a tração fica, principalmente, na traseira.

Hora de voltar

De Tabuleiro/MG, retornamos para Ponte Nova/MG para programar a volta para São Paulo/SP no domingo. Antes da saída, notamos algo que havia “passado batido”, um adesivo fixo à coluna da porta do motorista e que indica uma pressão de calibragem dos pneus em “Modo Eco”, onde os 32 psi dianteiros e 35 psi traseiros deveriam ser elevados para 38 psi em ambos.

Fonte da imagem: Jeep Renegade Clube

Ao fazer isso, abastecemos o tanque com diesel S10 e partimos para o retorno à São Paulo. A nova calibração mudou completamente a dinâmica de rodagem com o carro. O comportamento áspero no trajeto de ida foi deixado de lado e até mesmo o excesso de ruído proveniente dos pneus foi reduzido drasticamente.

Além disso, a média de consumo também subiu e chegou a atingir ótimos 18 km/l, mantendo-se assim mesmo após única parada em Tabuleiro/MG. Claro, se na ida havia predominância de trechos em aclive, o retorno seria em declive e foi aí que notamos outro ponto elogiável do conjunto mecânico do Jeep Renegade Custom Diesel: seu freio-motor.

Normalmente, em veículos com câmbio automático, é bastante difícil fazer o conjunto compreender quando o freio-motor é necessário e, ao invés de manter ou reduzir uma marcha em descidas para manter o carro “seguro”, costuma subir marchas para deixá-lo solto. No Renegade isso não acontece. O câmbio AT9 mantém a marcha reduzida ativa, o carro seguro e a atuação dos freios pouco necessária. Quem gosta também é o bolso, já que em freio motor não há consumo.

Mas, se tudo estava perfeito até então, o retorno do feriado à São Paulo colocou nossa viagem sob trânsito intenso. Mas mesmo assim, conseguimos concluir o trecho de 720 km sem que fosse necessário o reabastecimento. Só prejudicou a nossa média final de consumo total da viagem.

Conclusão

Sem sombra de dúvidas, se você procura um carro para o uso no dia-a-dia, mas não quer ficado limitado ao tipo de trajeto que fará em uma viagem, seja em trajeto longo ou curto, com boa pavimentação ou em modo offroad, o Jeep Renegade Custom Diesel é o seu carro ideal.

Ela quebra a má imagem e SUVs de shopping sem perder as virtudes que estes carros tem, como a boa altura de direção, boa área envidraçada, mas traz tamanho relativamente compacto, consumo de combustível muito bom e te deixa livre para curtir a vida do jeito que der na telha. Outra vantagem é ser o veículo a diesel mais barato do Brasil.

Mas, como nem tudo são flores, vale investir em uma central multimídia, já que o aparelho Uconnect não tem uma boa qualidade de som e a conexão bluetooth só serve para ligações, não para reprodução de mídias presentes em seu Smartphone. É o tipo de item que fez falta em uma longa viagem.

Preço

A partir de R$ 108.990.

Preto Carbon metálica (cor do veículo testado): R$ 1.630 adicionais.

Total: R$ 110.620.

*Oferta válida para pessoa física. Vedada participação de veículos adquiridos através da modalidade vendas diretas, tais como, mas não se limitando a Produtor Rural, PCD, frota, táxis, locadoras, leilões, seguradoras e veículos recuperados de seguradora.

Itens de série

  • ABS
  • Air bags dianteiros
  • Ajuste do volante em altura e profundidade
  • Alarme
  • Alerta de limite de velocidade e manutenção programada
  • Apoia-braço com porta objetos
  • Ar Condicionado
  • Banco do motorista com regulagem de altura
  • Banco do passageiro dianteiro rebatível
  • Banco traseiro bipartido 60/40 e rebatível
  • Bolsa porta objetos atrás do banco do motorista
  • Chave canivete com telecomando
  • Cinto traseiro central de 3 pontos
  • Cintos de segurança dianteiros com ajuste de altura
  • Comandos do sistema de áudio e bluetooth no volante
  • Computador de Bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia)
  • Controle de Estabilidade (ESC)
  • Controle de estabilidade para trailler (quando com engate Mopar)
  • Controle de tração
  • Controle eletronico anti capotamento
  • Direção elétrica
  • Encosto cabeça traseiro central
  • Estepe Compacto (item válido para veículos Ano/Modelo 2018/2018)
  • Faróis e lanterna traseira de neblina
  • Freio de estacionamento eletrônico
  • Freios a disco nas 4 rodas
  • Ganchos de fixação de carga no porta-malas
  • HDC – Controle eletrônico de velocidade em descidas
  • Hill start assist
  • Iluminação do porta-malas
  • Isofix
  • Limitador de velocidade
  • Limpador e desembaçador dos vidros traseiros
  • Luzes diurna (DRL)
  • Maçanetas externas e retrovisores em acabamento preto
  • Motor MJet 2.0 Diesel e cambio AT9
  • Panic break assist
  • Para sol com espelhos cortesia
  • Pavimento do porta malas com revestimento duplo
  • Piloto automático
  • Porta-óculos
  • Protetor de carter
  • Quadro de instrumento TFT de 3,5″
  • Rack do teto na cor preta
  • Repetidor lateral nos retrovisores
  • Retrovisores externos elétricos
  • Revestimento externo nas colunas das portas
  • Rodas em Liga 16” (item válido para veículos Ano/Modelo 2018/2018)
  • Rádio integrado ao painel com RDS e porta USB
  • Seletor para 4 tipos de terreno
  • Sistema de áudio com 6 alto falantes, USB e Bluetooth
  • Tapetes em carpete
  • Tomada 12V
  • Travas elétricas nas portas e porta malas (travamento automático a 20km/h, trava de tampa do combustível, indicador de portas abertas)
  • Tração 4×4 Jeep Active Drive Low Vidros elétricos nas 4 portas com one touch

Preço das revisões

Revisão

Valor

Quilometragem

2.0 Multijet

20.000 km

R$ 823,00

40.000 km

R$ 1.351,00

60.000 km

R$ 1.442,00

Total

R$ 3.616,00

Ficha Técnica

Motorização 2.0

  • Combustível Diesel
  • Potência (cv) 170
  • Torque (kgf.m) 35,7
  • Velocidade Máxima (km/h) 190
  • Tempo 0-100 (s) 9,9
  • Consumo cidade (km/l) (nossos testes) 9,8
  • Consumo estrada (km/l) (nossos testes) 15,4

Câmbio

  • Automática com modo manual de 9 marchas

Tração

  • 4×4

Direção

  • Eletroassistida

Suspensão dianteira

  • Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Suspensão traseira

  • Suspensão tipo McPherson e traseira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Freios

  • Quatro freios à disco, com dianteiros ventilados.

Galeria