Teste: Fiat Toro Freedom 1.8 Flex – uma picape com jeitinho de SUV

Teste: Fiat Toro Freedom 1.8 Flex – uma picape com jeitinho de SUV

abril 26, 2019 Off Por Fernando Naccari

Ela foi uma das precursoras do segmento no Brasil juntamente com a Renault Oroch: o das Sport Utility Pick-Up (SUP). Agora, com pouco mais de quatro anos de mercado, briga no topo da tabela entre as mais vendidas do segmento.

No fechamento do mês de março, segundo a FENABRAVE (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), a picape ficou com a vice-liderança entre os “Comerciais Leves”, perdendo somente para a irmã menor Strada, que emplacou 5.286 unidades, contra 4.955 da Toro. No acumulado do ano na mesma categoria, os números continuam surpreendentes: vice-liderança com 12.348 unidades emplacadas, uma diferença de apenas 4.281 unidades quando comparada a ainda líder Strada. Enquanto isso, a Renault Oroch vendeu apenas 2.605, ocupando o 10º lugar no acumulado.

Mas o curioso é que, ainda de acordo com o mesmo relatório, a Fiat Toro disputa mercado com as consideradas “Picapes Grandes” montadas sob chassi e, entre elas, é líder absoluta com 12.348 emplacamentos contra apenas 9.246 da Toyota Hilux, tendo uma representatividade de 28,52% do mercado.

Ponto forte

Também podemos atribuir este sucesso ao design da Toro, que parece mais de um carro-conceito do que um de produção em série. O principal destaque neste aspecto fico à cargo da dianteira de frente alta, com faróis de neblina com moldura cromada, faróis principais embutidos como se fossem os de neblina nos para-choques e as luzes de rodagem diurna em LED, em posição superior, como seriam os principais.

Por dentro, o acabamento também é elogiável, com materiais emborrachados e agradáveis ao toque. O volante multifuncional e o painel de instrumentos são os mesmos utilizados nos Fiat Argo/Cronos e Jeep Renegade, com as devidas alterações estéticas aplicadas.

Na versão Freedom, a Toro conta também com ar-condicionado digital de duas zonas, ideal para quem não consegue chegar a um acordo com o carona na hora de encontrar a temperatura ideal.

O que ficou devendo é o sistema de som. Com qualidade de áudio bem abaixo da expectativa para o preço do carro (R$ 106.990), a ‘mini’ central multimídoa com tela LCD Touch de 5″ peca na sintonia de rádios e ainda não tem conexão via Apple Car Play ou Android Auto.

Ao volante

A Fiat Toro divide plataforma com o Jeep Renegade e, apesar de ser 179 kg mais pesada que o SUV, repete o bom comportamento ao volante. A carroceria rola pouco em curvas acentuadas, quando em rodovias, e filtra bem às irregularidades das vias, no uso urbano.

Este último caso, por sinal, era um tormento para quem andava com “picape de chassi”: a suspensão tinha caráter bem mais rígido com feixes de mola (para aguentar mais peso, claro) e, para quem seguia dentro do carro, ia chacoalhando por todo o trajeto. Para diminuir este efeito era preciso deixar a caçamba carregada para contrabalancear o peso, pois do contrário, haja estômago.

No caso da Toro, o conjunto de suspensão é um velho conhecido McPherson dianteiro (molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos de duplo efeito) e sistema multilink na traseira (também com o mesmo sistema de amortecimento).

Outra qualidade que deve ser ressaltada é a boa posição de dirigir aliada à área envidraçada generosa, que propicia boa visibilidade, principalmente em manobras mesmo com os seus 4,91 metros de comprimento e 2,99 metros de entre-eixos.

Mecânica conhecida

Testamos a Fiat Toro Freedom, cedida gentilmente pela FCA, que sai de fábrica com o já tradicional motor 1.8 e.Torq Flex de 135 cavalos a 5.750 rpm e 18,8 kgfm de torque a 3750 rpm, enquanto com etanol o rendimento é de 139 cv e 19,3 kgfm, nas mesmas rotações. Além disso, o câmbio é somente automático de seis marchas e costuma apresentar lentidão nas trocas, mas é possível optar por trocas manuais.

Com desempenho preguiçoso no uso urbano, há um “artifício eletrônico” que melhora e muito o seu comportamento: o botão Sport. Com este acionado, mudam-se as parametrizações de funcionamento do motor e do câmbio, deixando o conjunto com funcionamento bem mais agradável. Parece outro carro. Aliás, depois de dirigir a picape por um período no modo Sport, a impressão que se tem é de que ela foi projetada “no Sport” e amansada (e piorada) no modelo normal.

Mas há uma justificativa clara para isso: o consumo de combustível. Mesmo equipada com sistema Start/Stop – que desliga o veículo quando parado no trânsito e o religa assim que você tira o pé do freio – ele bebe bem: não conseguiu anotar mais do 8,3 km/l com gasolina no tanque em trajeto urbano e com ar-condicionado ligado. Em rodovias, a melhor marca ficou em 10,2 km/l com o mesmo combustível, portanto, imagina se ele fosse sempre “envenenado”? Não houve tempo hábil para realizar o teste com etanol, mas segundo a PBE (Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro), o consumo com este combustível fica em torno de 6,4 km/l, na cidade e 7,8 km/l, na estrada.

Itens de série

A lista de itens de série é boa, com destaque para o ASR (Controle de Tração), alarme antifurto, apoia-braço central dianteiro e traseiro com porta-objetos, ar condicionado digital, capota marítima, volante multifuncional, computador de Bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso), direção eletroassistida, ESP (Controle Eletrônico de Estabilidade), gancho universal para fixação cadeira criança (Isofix), HCSS (Sistema de partida a frio sem tanque auxiliar de gasolina), HSD (High Safety Drive) – Airbag duplo (motorista e passageiro) e Freios ABS com EBD, Hill Holder (sistema ativo freio com controle eletrônico que auxilia nas arrancadas do veículo em subida), retrovisores externos elétricos com memoria ( Tilt down/rebatimento / luz de conforto), rodas de liga leve 6.5 x 16″ + Pneus 215/65 R16, sensor de estacionamento traseiro com câmera de ré e Sistema Start&Stop (desligamento/acionamento automático do motor).

Veredicto

Pensando no preço de venda (a partir de R$ 106.990 na versão avaliada), a Fiat Toro parece muito cara pelo o que oferece. Mas, se a enquadrarmos entre as “picapes grandes”, oferece uma ótima dirigibilidade e conforto, além de ser mais barata que as demais. Por isso, se você busca uma picape que será mais utilizada na cidade do que na estrada de terra, a Toro Freedom deve entrar na sua lista como uma boa opção de compra.

Galeria

Fiat Toro Freedom 1.8 AT6Versão básica: R$ 94.990
Versão avaliada: R$ 106.990
Motor: 4 cilindros em linha 1.8 16V e.TorQ com sistema start-stop
Combustível: flex
Potência: 135 cv a 5.750 rpm (g) e 139 cv a 5.750 rpm (e)
Torque: 18,8 kgfm a 3.750 rpm (g) e 19,3 kgfm a 3.750 rpm (e)
Câmbio: automático sequencial, seis marchas
Direção: eletroassistida
Suspensões: McPherson (dianteira) e multilink (traseira)
Freios: disco ventilado (dianteira) e tambor (traseira)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,915 m (comprimento), 1,844 m (largura), 1,735 m (altura)
Entre-eixos: 2,990 m
Pneus: 215/65 R16
Caçamba: 820 litros / 650 kg
Tanque: 60 litros
Peso: 1.619 kg