Ford Ka 1.0 SE 2015 – as qualidades, os defeitos crônicos e a ativação do computador de bordo
fevereiro 22, 2019O Ford Ka passou por uma grande revitalização em 2015, quando deixou de ser um subcompacto de duas portas e passou a ser um hatch de quatro, confortável e espaçoso.
Este seria o segundo projeto da marca, até então, desenvolvido no Brasil mas como projeto global. O primeiro deles foi o EcoSport. Outro objeto seria tornar o Ka o 1.0 mais vendido do País, algo que quase aconteceu, já que o modelo é o segundo da lista geral, perdendo apenas para o Chevrolet Onix.
Mecânica é o ponto alto
A nova geração do modelo foi o responsável por receber a motorização de três-cilindros, saindo o antigo 1.0 de quatro-cilindros e 73 cv (E) / 67 cv (G), e entrando o Ti-VCT 1.0 12v com potência máxima de 85 cv (E) / 80 cv (G). O torque também aumentou, passando a 10,7 kgfm (E) / 10,2 kgfm (G), contra os 9,4 (E) / 9 kgfm (G) da geração anterior.
Além dos números serem claramente melhores, acrescenta-se a tecnologia de duplo comando de válvulas variável e da ausência de tanque de partida a frio.
Bem equipado
Na versão de entrada, a que avaliamos, o carro tem uma extensa lista de itens de série, como ar-condicionado, direção eletroassistida, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas, chave tipo canivete, retrovisores e maçanetas pintados na cor da carroceria, ‘mini-aerofólio’ com brake light integrado, volante com regulagem de altura, limpador e desembaçador traseiro, som com conexão USB e Bluetooth (tanto para reprodução de áudio, quanto para chamadas de voz) tapetes em carpete e faróis com máscara negra. Bom, acho que é isso. Ah, não, havia esquecido dos obrigatórios airbag duplo e freios ABS.
Cresceu
É só bater o olho que a diferença é nítida: a atual geração do Ka (iniciada justamente em 2015) é maior que a anterior. O novo cresceu 10 cm em altura (1,42 m para 1,52 m) e 0,6 cm em comprimento (3,83 m para 3,89 m). Parece pouco, mas este teto elevado permitiu um rearranjo interno, deixando o modelo bem mais espaço e com a possibilidade de ter carroceria de quatro portas. O entreeixos também é maior, mas apenas 0,4 cm (de 2,45 m para 2,49 m).
Com as novas medidas, o Ka manteve praticamente sua capacidade de entrar em vagas pequenas mantida, e associou à isso um bom espaço interno para todos os ocupantes, exceção feita àquele posicionado na região central, pois ali o duto é elevado e atrapalha um pouco para a posição das pernas.
Visual agrada
Se por fora o Ka ficou menos charmoso, por dentro o hatch teve o padrão de qualidade bastante elevado. O layout do painel de instrumentos com iluminação em azul claro dá um ar de modernidade. As linhas também são bastante harmônicas e não parecem já ter quatro anos de vida.
O sistema de áudio também é bastante eficiente, com som limpo e que sofre pouquíssimas distorções mesmo com o volume lá em cima. Além disso, os botões que facilitam a discagem de um número de telefone para fazer uma chamada dão um charme especial ao conjunto. Destaque também para o suporte de celular, localizado na posição superior-central do painel.
Há de se destacar também a grande quantidade de porta-objetos, sejam nos bolsões de porta (bem generosos, por sinal), ou na região central próximo ao freio de estacionamento.
Elogios ainda aos bancos que fornecem bom apoio para as pernas e costas, além do tecido de revestimento aparentar ser de ótima qualidade.
Atualização do Computador de Bordo
A versão testada, na teoria, não vinha de série com computador de bordo. Mas, uma recente chamada da Ford alertou aos proprietários para realizar, de forma gratuita, a atualização do computador de bordo de todos os veículos desde 2015.
Decidimos testar e entramos em contato com algumas concessionárias para agendar o serviço. Nas duas primeiras, o serviço foi negado devido a este ser agregado às revisões do veículo mas, na terceira tentativa (e após ler atentamente ao publicado pela Ford), ressaltamos que o modelo não estava mais em garantia e que só interessava esta atualização se não houvessem custos.
A concessionária Ford Mix da Av Radial Leste, São Paulo, agendou o serviço e atualizou o computador de bordo em menos de 5 minutos.
E que diferença. Se antes, as opções habilitadas eram apenas o Trip (para contar km rodados) e o Econo On/Off (um indicador de troca de marchas), após a atualização, agregaram-se as funções de velocidade média, consumo médio, consumo instantâneo e autonomia.
Por que vale a compra?
O Ford Ka é bastante ágil no uso urbano. O motor se dá bem com o câmbio e formam um casal quase perfeito, mas que poderia ser melhor se os engates fossem um pouco mais precisos. Mas, voltando a falar em desempenho, aos mais desavisados, fica difícil acreditar que o carro é 1.0.
Além disso, a posição de dirigir é excelente, os bancos acomodam bem aos passageiros e os itens de série são mais do que suficientes para não deixar ninguém ‘na mão’. Claro, um retrovisor com acionamento elétrico faz falta, assim como o banco do motorista com regulagem de altura, mas são disponíveis nas versões um pouco mais caras.
O conjunto de suspensão é firme e também forma um bom conjunto com a direção eletroassistida, deixando o modelo um carro “sempre na mão” e gostoso de dirigir. No uso rodoviário, no entanto, uma barra estabilizadora faz falta.
Por que não vale?
Mesmo com tantas qualidades, o Ka peca por ter talvez um igual número de problemas crônicos, principalmente nos modelos 2015/2016. Há diversos relatos na internet de proprietários reclamando de barulhos internos diversos, problemas na suspensão, na caixa de direção elétrica e, o mais comum. O elevado consumo de combustível. Está na dúvida? Volta lá no começo da matéria e assiste de novo.
Veredicto
Colocando os prós e contras do modelo, considero que há melhores opções no mercado que oferecem pacote bastante similar ao do modelo da Ford, mas que nem de longe acompanham a lista de falhas recorrentes, como o VW up! aspirado, o Peugeot 208, Citroën C3, Renault Sandero e até o velho Fiat Palio. Claro, estamos falando no mercado de usados, apenas, mas se estendermos isso ao mercado de novos, precisaríamos testar o modelo atualizado para saber se ele corrigiu os pontos fracos do passado.