JAC T40 CVT | Comportamento na cidade, consumo e conforto a bordo

JAC T40 CVT | Comportamento na cidade, consumo e conforto a bordo

novembro 22, 2018 Off Por Fernando Naccari

Com jeitinho de SUV, mas com porte de um hatch altinho (como o Sandero Stepway, por exemplo) o JAC T40 é o maior sucesso da marca no Brasil. No acumulado de emplacamentos de 2018, até o fechamento do mês de outubro, o T40 registrava 2.495 unidades e anotava a 26ª posição no geral entre os SUVs. Números bastante significativos quando consideramos que o modelo sequer é fabricado por aqui.

Mas, no contexto que envolve um produto chinês, taxado no Brasil como algo de baixa qualidade, o público tem aceitado bem os modelos não são da JAC, mas também a Chery (que recentemente foi adquirida no Brasil pela CAOA e já até tem fábrica local) e a Lifan, mas os narizes começam a torcer no pós-vendas, com uma taxa de desvalorização que chega a incríveis 18% ao ano.

O melhor entre os chineses?

Se o T40 é o melhor chinês do mercado, talvez ainda seja cedo para afirmar (até porquê ainda não tivemos a oportunidade de avaliar modelos de outras fabricantes chinesas), mas o fato é que o T40 é um carro extremamente competitivo para o mercado que disputa.

Na versão CVT, o T40 tem preço a partir de R$ 72.490 e rivaliza, diretamente com o Honda WR-V EX (R$ 82.1900) e Renault Sandero Stepway Dynamique (R$ 61.890) que, embora custe menos que o chinês, é menos potente, tem garantia menor e tem espaço interno mais reduzido. A verdade é que, comparado aos dois, o T40 tem números bem melhores.

Conforto à bordo

Voltando a falar no T40 CVT, seu principal trunfo está no acabamento interno, com detalhes em couro inclusive no painel. As peças tem bom acabamento e não apresentam falhas nos encaixes ou rebarbas. Apesar de possuir plásticos duros, são de boa qualidade e não apresentam facilidade para sofrer arranhões. Méritos também para as forrações de porta que possuem estofamento, o que permite conforto até na hora de apoiar os braços.

A posição de dirigir é boa, mas faz falta a regulagem de distância do volante, já que o modelo possui apenas regulagem em altura. Os bancos são bons e apoiam bem as pernas e a coluna. O novo painel de instrumentos tem leitura fácil e o computador de bordo é bem completo, embora falte o velocímetro digital.

O espaço interno também é bom e todos os ocupantes trafegam tranquilos, com espaço para as pernas e para a cabeça. Talvez quem sofra um pouquinho seja somente o passageiro central do banco traseiro, que não possui uma posição ideal de assento. Todos eles contam com cintos de três pontos e encostos de cabeça. O porta-malas também é bom, embora a medida divulgada pela fabricante pareça otimista: 450 litros.

Saída USB traseira do JAC T40

Motor 1.6 aspirado é potente

Embora tenha o motor 1.6 aspirado mais potente do Brasil, são 138 cv e 17,14 kgfm, na prática, a gente não sente todo este vigor disponível. Isso se explica porquê estes números são atingidos somente a 6.000 rpm e 4.000 rpm, respectivamente e o câmbio CVT que simula seis marchas tem respostas demasiada lentas. Dá para mitigar o sintoma e mudar o câmbio para a opção Sport, mas nada que inspire esportividade no modelo.

Ah, vale lembrar que todos estes números são aferidos com gasolina, já que, na versão CVT e com motor 1.6, o T40 não é flex. Mas, mesmo nesta configuração, o consumo é relativamente bom, chegando a média final do teste em 11,6 km/l, em trajeto 80% urbano e 20% rodoviário, sempre com ar-condicionado ligado.

Câmbio automático do JAC T40 CVT

O que colabora para os números na cidade é o sistema start-stop, que desliga o motor quando parado em semáforos, por exemplo. Mas, o que é benefício em um aspecto, acaba virando um perigo em uma situação específica: com o motor desligado em subidas, o sistema de partida em rampas não atua. Nisso, o carro acaba voltando alguns metros até voltar a dar partida e torna-se quase inevitável uma colisão com um carro que estiver atrás. Neste caso, o jeito é programar o cérebro para desligar o star-stop nestas situações, ou lembrar de deixar o freio de estacionamento sempre acionado.

A direção elétrica também é pouco progressiva e, em velocidades altas, é demasiadamente leve, algo que, em caso de uma manobra brusca, deixa “a pilotagem” insegura. O peso da direção, porém, é adequado para o uso na cidade e em manobras.

Suspensão é boa, mas…

O conjunto de suspensão não traz grandes inovações, com uma dianteira independente McPherson e traseira com eixo de torção. O maior problema, na verdade, é que o curso da suspensão é curto e, com relativa facilidade, é possível perceber alguns impactos secos, principalmente na dianteira. Assim, apesar do jeitão de SUV, o T40 é pouco aventureiro.

Freios melhores que a média

O T40 surpreende positivamente pelo eficiente sistema de freio a disco nas quatro rodas, com dianteiros ventilados e traseiros sólidos. O pedal tem curso adequado e, no dia a dia, propicia segurança ao condutor que sempre sente o carro “na mão”.

Equipamentos

Este é o maior trunfo do carro, a farta lista de série resumida em: vidros elétricos nas quatro rodas, travas elétricas, retrovisores elétricos, ar-condicionado digital (eficientíssimo), direção com assistência elétrica, sensor de estacionamento com câmera de ré, central multimídia touch screen de sete polegadas (mas que não possui conexão via Apple Car Play ou Android Auto, nem mesmo GPS nativo), além da interessantíssima câmera dianteira, que permite fazer vídeos ininterruptos do trajeto, bastando ter um cartão de memória acoplado.

Destaque também para as belas rodas de 16″ e para o bom conjunto óptico, com faróis do tipo projetor e luz diurna em LED.

Veredicto

Se sua prioridade é a compra de um carro espaçoso, relativamente confortável e que lhe propicie a sensação de direção mais alta, comum aos SUVs e Crossovers, o T40 CVT é sim uma boa pedida, mesmo com todas as ressalvas aqui citadas. Mas, se sua prioridade não for um carro neste estilo, há diversas opções mais interessantes nesta faixa de preço e é bom considerá-las.

Na hora da compra, pense bem o que “você quer” e o que “você precisa”. Meça os pró e contras e vá fundo. Uma coisa é certa, se for para ser feliz com um carro chinês, o T40 talvez seja a sua oportunidade para tal.

Ficha Técnica

Motor: 1.6 a gasolina, 16 válvulas, comando duplo variável no cabeçote, quatro cilindros em linha, injeção eletrônica, gasolina
Potência: 138 cv a 6.000 rpm
Torque: 17,1 kgfm a 4.000 rpm
Câmbio: Automático, tipo CVT, com 6 marchas simuladas
Direção: Assistida eletricamente
Suspensão: Independente, tipo McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
Pneus: 205/55 R16
Tanque: 42 litros
Porta-malas: 450 litros

Garantia e revisões

Garantia e preço de revisões do JAC T40 CVT. Créditos: Reprodução jac.com.br